Contribuição do Fotoclube ABCclick e Magá Bastos para o artigo Meu jardim de beija flores.
Época difícil foi o começo de 2020, não estávamos preparados para uma pandemia, um ano que optei por ficar muito em casa, tentando sobreviver e preservar a vida de outras pessoas. E 2021 chegou levando a esperança de mudanças que não aconteceram. Cirurgiã dentista de formação, concomitantemente ao meu trabalho, me dedico a fotografia desde 2014. Foi durante esse tempo de resistência ao Covid, que resolvi fotografar o meu dia a dia e porque não “dendicasa” mesmo. Passei a observar mais ao redor e notei muita coisa a registrar.
Comprei uns bebedouros para pássaros, instalei no quintal, junto a minha jabuticabeira, e eles vieram. Encantei com o vôo dos pássaros, a delicadeza do bater asas dos beija-flores, e a turma foi só aumentando. Vieram saíras, pássaros pretos, bem-te-vis e sabiás. Eles sempre estiveram aqui, e eu não notava. Passei a focar nos beija-flores. Ficaram tão meus amigos que agora já não se importam com minha presença, quando acordo, são os primeiros que alimento e recebo o bom dia. Entram pela cozinha, passeiam pela casa, tiram rasante em nossas cabeças, disputam o território. Fiz foto na contraluz, usei flash. Até em minha mão já vieram buscar o néctar.
Após 2 meses, notei que a noite outro visitante vinha se alimentar. Preparei a câmera e flagrei os morcegos. Li também sobre eles, são silvestres, se alimentam de frutas, não nos fazem mal. Não era necessário retirar os bebedouros, só ter o cuidado de limpá-los todos os dias, manter sempre água adocicada (1 parte de açúcar para 4 de água), uso uma escovinha interdentária para limpar as entradas dos recipientes.
Aos poucos foram chegando também as Cambacicas e até as Saíras, todas querem beber da mesma fonte. O mais assíduo aqui é o Tesoura (Eupetomena macroura). Cintilante na luz, verde, amarelo, roxo e azul… Ao contrário do que muitos imaginam, essas cores não vêm da pigmentação das penas. Na verdade, elas são resultado de um fenômeno conhecido como iridescência (que reflete as cores do arco-íris). As vezes recebo a visita do Beija flor de rabo branco acanelado (Phaethornis pretei), suas asas encantam, parecem um leque branco, bico mais longo.
Com isso registrei cenas que me encantam e a outras pessoas. A natureza sempre foi minha aliada, além da interação ao fotografar, ativamos o conceito enorme de preservação. É devolver a ela, tudo que nos dá gratuitamente, e que só nos trará a curto, médio e longo prazo, vida a todos.
Os beija-flores são muito rápidos, difíceis de fotografar, no geral se consegue foco no corpo e suas asas ficam com movimento borrado. Em casa plantei muitas flores, que estão crescendo, para atraí-los. As preferidas são as vermelhas. O quintal é grande, alguns tipos plantados: Petúnia, Brinco de princesa, Camarão, Flor de Maio, Helicônia, Lágrima de Cristo, Chapéu Chinês… É a energia que busco na natureza!
