SÃO PAULO, SP – Em um ano, o volume de água nos mananciais que abastecem a Grande São Paulo teve queda de 21,2%, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
As represas responsáveis por servir a população da região metropolitana perderam 286 hm³ (hectômetros cúbicos) de água, o equivalente a 286 bilhões de litros. Isso seria suficiente para encher 114 mil piscinas olímpicas.
Segundo especialistas, a queda é causada pelo aumento no consumo –especialmente durante a quarentena– e pela falta de chuvas.
“As pessoas ficaram em casa e aumentaram o consumo, até para se higienizar. A própria Sabesp instalou torneiras públicas para essa finalidade”, diz o engenheiro hídrico Antônio Eduardo Giansante, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Em 9 de setembro de 2019, os sete sistemas de mananciais que abastecem a Grande São Paulo estavam com um total de 1.346,44 hm³ de água, volume que chegou nesta quarta (9) a 1.060,44 hm³ .
Apesar da queda, o nível acumulado nas represas ainda é bastante superior ao que foi registrado em setembro de 2014, quando o estado foi fortemente afetado pela crise hídrica. Na ocasião, os seis mananciais que abastecem a região metropolitana somavam um total de 199,54 hm³ –18,82% do volume atual.
Em 2014, a Grande SP não contava com o sistema São Lourenço, inaugurado em 2018, com capacidade para fornecer até 6.400 litros de água por segundo.
Do ano passado para cá, o sistema que teve maior queda no volume armazenado foi o Alto Tietê, que hoje tem 151,51 hm³ de água a menos do que em setembro de 2019. Esse conjunto de reservatórios é responsável por levar água a bairros da zona leste da capital, além de municípios como Guarulhos, Santo André, Mogi das Cruzes, Suzano, Itaquaquecetuba, Arujá, Ferraz de Vasconcelos e Poá.
O sistema Cantareira, que esteve no centro da crise hídrica de 2014, teve uma variação pequena. O volume armazenado atualmente é de 452,43 hm³, 3,8% menos do que há 12 meses. Isso equivale a 46,1% de sua capacidade.
Em 2014 o nível era considerado negativo, já que a água utilizada vinha das chamadas reservas técnicas, conhecidas como volume morto.
Especialistas em recursos hídricos ainda não consideram a situação dos mananciais como alarmante. Entretanto, avaliam que as autoridades devem se manter em alerta para evitar situação semelhante à de 2014.
O professor José Roberto Kachel dos Santos, da Universidade de Mogi das Cruzes, diz que, se a partir de outubro chover com forte intensidade, as represas devem se recuperar. “Mas se a estação chuvosa for fraca e chegarmos a março de 2021 com esses índices, começa a ficar preocupante.”
Cidades do interior do estado já sofrem com a estiagem. A Prefeitura de Tanabi (530 km de SP), gestão Norair Cassiano Silveira (PSB), criou uma multa de R$ 272 para quem desperdiçar água durante o período de seca. Segundo o SAAT (Serviço Autárquico Ambiental de Tanabi), a medida tenta coibir práticas como lavagem de carros ou limpeza de calçadas com água.
Em São José do Rio Preto (496 km de SP), o Semae, órgão responsável pelo serviço de abastecimento, considera adotar um racionamento já nos próximos 20 dias.
A Sabesp (Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo) diz ter feito melhorias nos sistemas de abastecimento e descarta risco de racionamento na Grande SP.
Segundo a empresa, as obras feitas demandaram investimento de mais de R$ 20 bilhões. Entre as intervenções estão o aumento nas interligações entre os mananciais e a criação do sistema São Lourenço, entregue em 2018.
A companhia diz que a situação das represas neste ano é melhor do que em 2018, quando, segundo a Sabesp, “houve seca severa”. Entretanto, a empresa destaca a importância do “uso consciente” da água.
Fonte: Seleções Reader’s Digest
Este post foi publicado em 11 de setembro de 2020 11:54
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