Capítulo 5 (Governantes medrosos) de O Medo Humano. Leia desde o Capítulo 1
Tenta-se criar uma noção de “novo normal”, no qual o normal não é ter liberdade de ir e vir. Tudo em nome da doença. Justamente esse medo irracional de um vírus é um prato cheio para aqueles que desejam criar novas formas de controle comportamental,
principalmente para forçar a criação de uma aceitação automática de uma negação ao
direito de ir e vir. Com a ajuda do Judiciário, que nega até mesmo habeas corpus em nome de uma “saúde pública”, temos um desgoverno unido com uma ditadura judicial.
Assim vão surgindo as vergonhas que temos: agentes de segurança pública, em boa parte, são uma vergonha a céu aberto. Sobretudo no Brasil são conhecidos pelo gosto por dinheiro ilícito. Aliado ao medo de perder o salário, obedecem cegamente a leis ruins, prendendo inocentes que foram à praia durante uma quarentena inconstitucional. São pessoas que preferem prejudicar violentamente o direito alheio a discutir algo que poderia, em tese, criar um pequeno prejuízo para si. Preferem cortar a cabeça alheia a tomar uma agulhada no próprio dedo.
Estes mesmos agentes de segurança pública no Brasil, embora sejam conhecidos do povo como braço armado do Estado, não estão sozinhos. Um judiciário do qual eu sinto vergonha pessoal (embora nunca tenha feito parte desta estrutura) que vive para si, somente. Os juízes do Brasil são o que há de pior em muitos judiciários do mundo. Vivem por seus próprios desejos, envoltos em uma teia de auxílios mútuos, decisões que apenas protegem. O medo dos juízes está, justamente, em julgar conforme a lei. Já que isso não é normal, causa medo.
O juiz típico do Brasil faz aquilo que ele acha que vão aceitar como correto, não aquilo que diz a lei. E digo que os juízes fazem, não o que acham correto, mas o que seus próximos vão achar. Destroem o próprio entendimento em prol de interesses que nem
imaginamos quais sejam. Tudo se resume em trabalhar menos. Cada decisão que pode
ser copiada é um prêmio interno na alma do juiz, que não precisará pensar os fatos reais das pessoas reais que estão ali naqueles processos.
Jamais se pense que estou falando mal dos juízes sem qualquer objetivo. Não quero destruir, mas construir. Somente expondo-se os erros é que se pode consertá-los.
Junto ao juízes, temos o Ministério Público, órgão inatingível, incriticável, inabalável, que usa seu poder de propor ações penais como moeda de troca. A frase “quem vigia os vigilantes” é adequada ao Ministério Público no Brasil. Vigiam tudo e todos (e devem fazê-lo!), mas não aceitam ser vigiados. Na prática, a teoria é outra.

Enfim, cada vez mais temos a necessidade de vigilância dos atos, posto que cada um está tentando se esconder atrás de uma cargo, de um título, de uma função pública. A frase “ele está apenas fazendo seu trabalho” é um chavão típico de uma ditadura. Se houvesse uma lei, digamos, dizendo que pessoas sem pernas podem ser mortas (o exemplo é esdrúxulo, mas funciona perfeitamente). Um policial (ou um juiz, não importa) determina a morte de uma pessoa sem pernas, sendo essa pessoa seu filho único de cinco anos de idade. Quando esse seu filho for fuzilado por não ter pernas (seguindo-se literalmente a hipotética lei), o que você dirá? Aceitará a morte, afinal o agente estatal estava apenas cumprindo seu trabalho?
Se colocarmos a lei humana como padrão de bom, já destruímos nosso próprio espírito, e estamos cuspindo na cara de Deus. O bom é bom, o mau é mau, não importa o que diz uma lei humana. O que temos que fazer, como humanos, é tentar criar leis humanas sabidamente imperfeitas que procuram imitar o padrão sublime, portentoso e majestoso de bom. Aos poucos, com essa mentalidade, vai-se melhorando o conjunto
normativo de um local. Isso é trabalho para cem anos.
Nos pautarmos pela lei humana para definir o bom e o mau é o fim de uma existência como sociedade. Já é morta, como um conjunto de zumbis, que apenas vagueiam atrás de algo que não sabem o que é. Uma sociedade que vive em busca da última lei e da última decisão do STF para saber o que é certo e o que é errado já morreu, mas não foi enterrada, e, por isso, fede.
Tentando não divagar, e retornando ao núcleo da ideia primordial da presente obra, o medo humano age de modo a não se inovar positivamente. Esse medo faz com que a pessoa não crie novas ideias para tomar decisões acertadas. No máximo, temos o indivíduo pobre que, malsinado pelo que recebeu ao nascer, cria formas de agir empresarialmente, seja vendendo bolos pela internet, seja intermediando relações. Não tenho qualquer medo de dizer que um vendedor de salgados na rua causa mais bem social do que um detentor de cargo público poderoso. Principalmente se esse cargo foi chamado “Ministro do Supremo Tribunal Federal”.
O medo do desconhecido impede que o ser humano possa agir de modo a testar algo que pode ser revolucionário. Quando as pessoas colocaram o medo de lado, fizeram descobertas científicas absurdas. Justamente ao discordar de todo mundo, do “consenso científico”, tivemos na história as maiores descobertas e invenções. Foi indo contra o consenso que se viu que coisas impensadas poderiam funcionar. Se Tim Bernes-Lee tivesse medo, não criaria o padrão de internet usado no mundo todo. E foi além, criando algo que poderia ser replicado livremente. A internet trouxe mais liberdade do que qualquer governante bom da história do mundo. Ou do que qualquer revolução passada.
Assim, com a internet, vemos o cidadão comum, sem voz, falar para um juiz, um deputado, um comerciante, que o que estes fizeram é mau. Essas pessoas alheias ao mundo real dos “Seus Zés” e “Donas Marias” ficam perdidas, por sua bolha de sabão da
convivência ser estourada de repente, expondo suas vergonhas ao público. Temos visto
cada vez mais pessoas criando dossiês para expor erros alheios, coisa que somente agências de inteligência faziam.
Estamos num momento em que, ao receber uma sentença desfavorável, o sentenciado criará um conteúdo de exposição do julgador, como vingança à perda. Quando vaticino isso, me refiro ao brasileiro comum, sem acesso a serviços especializados. Aqueles que possuem acesso a serviços já o fazem, como mostra o que o ex-presidente Lula e seu partido fizeram com os membros da Operação Lava-Jato (e ainda o fazem).
Os juízes e promotores aguentarão ser expostos por cidadãos comuns? Não. Eles se julgam importantes. E quem se acha importante tem um medo terrível de não se considerado importante pelos que estão no entorno. Buscarão medidas dos apaniguados (o próprio judiciário e Ministério Público) para perseguir quem quer que tenha dito algo que os desagrada.
Poucos têm couraça endurecida pelo tempo. Normalmente, somente quem bastante apanhou é que aguenta lutar até o fim sem cair no choro. O brasileiro está tão acostumado a apanhar, que é mais fácil para ele lutar, em comparação a alguns outros
países, onde a vida é mais confortável. Não é à toa que temos frases populares como “tempos difíceis criam pessoas fortes, pessoas fortes criam tempos fáceis, tempos fáceis criam pessoas fracas, pessoas fracas criam tempos difíceis”. O ciclo é evidente.
Estudar de verdade causa medo. Pois além de ser cansativo, você vai mudar pensamentos que imaginava ter certeza absoluta. É o estudo que faz com que pessoas mudem de profissão, de religião, de filosofia. Enfim, mudam a própria estrutura mental. Mas a barreira maior aparece na mudança interna e posterior mudança pública, pois ninguém quer confessar que estava errado. Declarar abertamente que estava errado sobre algo, e que agora pensa de outra forma exige uma coragem que poucos, muito poucos, conseguem. Homens de geleia não conseguem. É preciso ser duro como rocha para se admitir isso sem medo. O medo de que riam de você.
Por experiência própria vi que não é esse o resultado. A mudança pública de posicionamento, embora exija coragem ímpar, gera no entorno um respeito maior, pois as pessoas sabem da força necessária para se admitir o erro passado. O silêncio após a confissão não é de dor ou vergonha alheia, mas de admiração de força da personalidade. É esse silêncio que dá a deixa para a manifestação dos motivos. Mas como o ser humano é naturalmente fraco, não quer saber os motivos. Um ou outro, mais concentrado em melhorar a si mesmo, vai querer saber os motivo, e se interessará, pois tenta melhorar o próprio espírito, endurecendo-o como tal.
Esse endurecimento é sempre do núcleo. Temos pessoas vertebradas e crustáceos. Os primeiros têm um núcleo duro, embora tenham maciez na parte externa, o que admite mudanças sem afetar o núcleo. Já os crustáceos são aqueles que aparentam um aspecto forte e duro, mas no interior é mole e fraco. Quebre a casca, que tudo está exposto. Quem tem o que esconder vive se mostrando como crustáceo, aparentando
força. Uma pancada desmonta, e a verdade aparece.
CONTINUA …
Por Marcio Pinheiro
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