Valéria Pilão, autora de “Livro e leitura”, é doutora em Ciências Sociais e professora do curso de Sociologia – área de Humanidades – do Centro Universitário Internacional UNINTER
A partir das datas de morte de Miguel de Cervantes (romancista, dramaturgo e poeta castelhano), William Shakespeare (poeta e dramaturgo inglês) e Inca Garcilaso de la Vega (cronista e escritor peruano de origem espanhola e inca), a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em sua XXVIII Conferência Geral, proclamou a necessidade de reconhecer o livro como “o elemento mais poderoso de difusão de conhecimento e de meio mais eficaz para sua conservação”.
A justificativa da instituição desta data considera o livro como meio para o enriquecimento cultural, promotor de desenvolvimento de sensibilidades coletivas e inspiração para comportamentos de tolerância e diálogo. Sabe-se que tais argumentos são verdadeiros e que o acesso à leitura – e aos livros – é eixo fundamental do processo educacional em todas as suas etapas. No Brasil, porém, ainda vivenciamos problemas importantes a respeito do acesso ao livro, à leitura, e à consecução de alfabetização proficiente.
A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, de 2019, mostra que a média nacional é de 2,6 livros por pessoa não necessariamente lidos por inteiro, e 1,05 lidos por inteiro. Reconhece, portanto, que ainda há um hiato severo e um desafio educacional a respeito do nível de alfabetização no país. Apesar dos avanços, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) divulgado em 2019 revela que os estudantes brasileiros têm baixa proficiência em leitura. Ou seja, baixa capacidade de interpretação de texto e, assim, inserção adequada no mercado de trabalho.
Outro ponto é a pergunta feita na pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, desta vez a realizada em 2016, na qual se indagou sobre o significado da leitura e 22% das repostas foram de que ela ensina a viver melhor. Mesmo sendo um país com problemas no processo de escolarização, reconhece-se sim a importância da leitura. Expressando aquilo que foi proposto pela UNESCO, pode-se dizer que a leitura e livro conferem passagem para um enriquecimento subjetivo de fina sensibilidade.
Antônio Cândido, no livro Educação para a Democracia, lembra que a leitura é um processo que “confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais, como o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções”. Então promover a circulação de livros e a leitura, para além dos estudantes e professores, incrementa a qualidade do processo ensino-aprendizagem e viabiliza a construção de capacidade crítica da sociedade como um todo.
Os livros são instrumentos valiosos de acesso à informação, de disseminação de conhecimento e de transformação individual quanto à percepção tanto de si quanto do coletivo. Eles propiciam mundividência. Já a leitura enriquece, transforma e sensibiliza o ser humano. Justamente por isso tanto os livros quanto a leitura merecem investimento e devem ser o centro nas políticas educacionais.
(*) Valéria Pilão é doutora em Ciências Sociais e professora do curso de Sociologia – área de Humanidades – do Centro Universitário Internacional UNINTER
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