Resistência tecnológica ainda é barreira nas empresas brasileiras: Para muitos colaboradores, investimento em tecnologia é visto como uma ameaça e não um facilitador
Mesmo com todos os avanços tecnológicos obtidos nos últimos três anos – com grande impulsionamento devido à pandemia – o ambiente corporativo brasileiro ainda enfrenta um problema real: a resistência tecnológica dos colaboradores a aderirem ao uso destas novidades, o que acaba comprometendo o avanço de toda a organização.
O empresário Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da InfoWorker Tecnologia e Treinamento, trabalha com a implantação, gestão e consultoria de projetos e soluções tecnológicas para empresas públicas e privadas e conta que, no dia a dia, verifica o quanto ainda se desperdiça de recursos técnicos e financeiros por falta de interesse das equipes profissionais. “Não é mais o desafio de o profissional não saber usar o computador. Isso se superou há muito tempo. O problema, hoje, é a resistência às novidades, às novas soluções e investimentos que podem otimizar o processo de trabalho diário”, comenta.
Segundo ele, por um lado a organização busca investir em novas tecnologias para sistematizar processos simples e permitir que os profissionais possam dedicar o tempo de trabalho a tarefas mais qualificadas. Porém, Stockchneider comenta que é comum o colaborador encarar aquele processo como uma ameaça e não um facilitador. “De forma global, isso aconteceu quando surgiu o computador, depois com a internet e agora está acontecendo o mesmo com a inteligência artificial”, ressalta.
O empresário explica que, dentro das empresas, essa situação é ainda mais contrastante, pois existem softwares e soluções formatadas para a necessidade de cada organização. “Aí, se não existir uma cultura organizacional aberta à inovação, o trabalho será bem mais lento e dispendioso”, observa.
Segundo dados do relatório Future of Jobs, do Fórum Econômico Mundial, a inteligência artificial deve ser adotada por 75% das empresas pesquisadas. O estudo apontou ainda que 42% das empresas vão investir em treinamentos para seus funcionários sobre inteligência artificial e big data. “Esse tipo de levantamento mostra que só corre o risco de ser substituído por um robô quem se recusa a aprender a gerenciar essas novas ferramentas. As máquinas são conduzidas por pessoas, sempre foi assim”, enfatiza, salientando a mudança no perfil dos postos de trabalho no futuro.
De acordo com as estimativas do Fórum Econômico, até 2025, 97 milhões de novos empregos se criarão em função das mudanças tecnológicas.
Stockchneider afirma que as empresas que querem investir em novas tecnologias precisam “preparar o terreno” antes. Ele destaca que esse é um trabalho que deve ser encabeçado pelo departamento de Recursos Humanos e englobar todos os demais setores, visando uma mudança cultural para reavaliar processos e práticas de gestão. “Quando um gestor adquire uma nova solução, ele está buscando resultado e sabe que aquele investimento vai trazer esse retorno”, comenta.
O empresário cita como exemplo o IW Covenants, solução desenvolvida para fazer o gerenciamento e monitoramento de cláusulas e obrigações contratuais. Segundo ele, é o tipo de produto recomendado a empresas que assumem acordos com instituições de grande porte, debêntures, bancos ou similares. “É o tipo de ferramenta adotada por grandes empresas que precisam controlar atividades de longo prazo, cumprir obrigações contratuais de empréstimos, ações, fianças, prazos, detalhes que não pode correr risco de falha”, esclarece.
Assim, o especialista salienta, no entanto, que para se implementar com eficácia estas soluções, é fundamental que a equipe esteja preparada para assimilar esses novos recursos. “É necessário estimular a inovação entre os colaboradores para que, quando as novidades tecnológicas chegarem, elas sejam vistas como ferramentas que chegam para impulsionar o trabalho e não como concorrentes, como infelizmente ainda acontece com frequência”, observa Stockchneider.
Então, o diretor destaca que quando uma empresa supera o desafio de obter o capital financeiro necessário para investir em inovação, crucial contar com uma equipe de profissionais capacitados para aproveitar plenamente esses recursos no cotidiano. “Existem casos de grandes corporações que, apesar de contarem com recursos financeiros, enfrentaram dificuldades na implementação de soluções tecnológicas porque os colaboradores não estavam familiarizados com sua operação. Somente uma empresa que tem ambiente propício para o desenvolvimento de inovações conseguirá se manter atualizada no mercado”, reforça.
Frederico Stockchneider
Frederico Stockchneider é empresário, diretor de tecnologia na InfoWorker Tecnologia e Treinamento. Graduado em Sistemas da Informação pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e MBA em Gestão Estratégica de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Responsável pela gestão e consultoria de projetos e soluções tecnológicas para diversos segmentos nas áreas pública e privada.
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