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Maturidade

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Maturidade

Capítulo 3 (Maturidade) de O Medo da Humano. Leia desde o Capítulo 1

Voltando ao assunto, temos a continuidade do comportamento medroso, que imagina coisas que, provavelmente, jamais ocorrerão. Imaginar que algo terrível vai acontecer, mesmo sem evidências do mesmo, gera um espírito de pânico que, não gerenciado, cria uma síndrome, ou depressão, ou outra doença da alma. Esse medo, alimentado diariamente, cria prisões desnecessárias, que impedem o aproveitamento da própria vida de modo mais saudável, já que a pessoa não permite a si mesma que saia de casa, ou que frequente um local, ou que divirta-se com coisas simples.

O ser humano, portanto, vive pelo medo ao não ser maduro. Quando inicia o doloroso processo de amadurecimento, precisa quebrar diariamente um pedaço desta estátua de mármore chamada medo, que possui um núcleo muito rígido, terrível de se alcançar. A maturidade vai ocorrer, justamente, ao se aceitar o medo, e após aceitá-lo, começar a controlá-lo aos poucos. Ato por ato, fato por fato, um de cada vez, progressivamente.

O mais conhecido processo de amadurecimento é ter um dependente. Ter um filho, na maioria das vezes. A pessoa passa a considerar aquele ser indefeso como alguém necessitado de cuidados, o que força uma maturidade de se preocupar com o bem-estar de outro, e agir de modo condizente a protegê-lo e alimentá-lo. Isso requer um comportamento mais comedido e controlado, a busca por um trabalho que pague valores maiores sem incorrer em riscos desnecessários (ou, pelo menos, riscos que se possa controlar), de modo que se gere, internamente, um sentimento de confiança em si próprio, para que se viva de modo mais tranquilo, e se aproveite a própria vivência com os dependentes.

É aí que a pessoa pode verificar essa maior diferença: seu dependente padece de medos absurdos, notadamente trabalhados nos sonhos, enquanto que o maduro terá seus medos mais realistas, ou desejos não realizados, também nos sonhos. O sonho acaba como uma ferramenta para trabalhar seus medos, ansiedades e desejos, retratando o que ocorreu no dia, envolto em emoções descontroladas. A maturidade vai tornando a vivência mais saudável, já que, por medir as consequências, as pessoas freiam seus próprios atos, ao se imaginar que os mesmos podem ser encarados como
violação do espaço alheio, o que incorre em quebra de confiança. Essa quebra de confiança gerará prejuízos, já que um quebrador de confianças acabará sozinho. Sendo
um animal político, o ser humano maduro prefere sofrer um pouco, para não quebrar confianças, e não ficar só. O medo de ficar só acaba gerando um comportamento até salutar, mas pelo motivo errado. O motivo do medo.

Pensar e agir de modo salutar, através do raciocínio, torna-se objetivo a ser buscado na maturidade. Antes da maturidade, o medo é que vai gerar atitudes positivas, às vezes, como o medo de ficar sozinho já mencionado. Mas viver pelo medo nunca será bom. Essa noção de bom e mau é construída pela sociedade do entorno da pessoa, mas não impede que a pessoa mude essa mesma sociedade, já que ela faz parte da mesma. Noções sublimes de bondade já foram enunciadas pelos antigos, sobretudo na Bíblia, o
que mudou radicalmente sociedades inteiras. Antes do cristianismo, qualquer pessoa que ouvisse alguém aconselhar a fazer o bem sem esperar nada em troca ganharia risadas. De sarcasmo.

Vivemos de modo a diminuir a sensação de medo, criando confortos psicológicos como dinheiro guardado na conta bancária, bens imóveis alugados, seguros de veículos e outros pormenores. Já em outros momentos, nos comportamos de modo a gerar um sentimento de admiração do outro para nós, para nos sentirmos importantes. É justamente nesse desejo que muitos são manipulados. Se sentir importante é um desejo de praticamente todo ser humano. E na busca desta emoção, as pessoas criam mentiras para si mesmas, e repetem-nas para todos, tentando fazer crer que aquilo corresponde à verdade.

Nesse raciocínio, vemos que os atos humanos acabam, muitas vezes, se dirigindo no mesmo sentido: medo de não se sentir importante; mentir a si mesmo para se sentir importante; parecer importante e continuar ocultando seus medos. Não é à toa que chamam os mais íntimos medos de demônios pessoais. É o mal, encarado sozinho, numa sala escura, no qual a pessoa nada tem, além de si mesma e de suas verdades pessoais, que serão quebradas uma a uma no enfrentamento. O que sai desta sala escura é um ser humano com menos medo, com o couro duro, mas sem perder a gentileza. Um conjunto de 100% corajoso com 100% gentil, no qual cada momento pede uma aplicação de quantitativos de coragem e gentileza no trato humano diário.

A destruição progressiva é palpável no rosto do medroso. Parece que não só transparece no rosto, mas altera seu próprio semblante, criando-se bolsas de pele ao redor dos olhos e decaimento dos lábios, que mal sorriem verdadeiramente. Apenas sorrisos forçados, para tentar viver amigavelmente, e evitar agressões alheias. A sorte de muitos é que a civilização ocidental é pautada no princípio da não-agressão. Os que
vivem contrariamente a este princípio são marcados socialmente pelas famílias do entorno, criando uma aura de desconfiança automática. Essa aura chega a ser ensinada de pai para filho, com relação ao trato da pessoa que vive em desconformidade com o princípio da não-agressão.

CONTINUA …

Por Marcio Pinheiro

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